24 de outubro de 2011

Livro publica fotos inéditas da expedição de Scott ao Pólo Sul

Provavelmente Demetri é quem aparece na imagem, treinando um grupo de cães - Cabo Evans, outubro de 1911


O historiador e estudioso da região polar David M. Wilson tomava uma bebida em um mercado de arte alguns anos atrás quando um colecionador desconhecido aproximou-se. ''Ele disse: 'Você não vai adivinhar o que eu tenho em minha coleção’'', lembra Wilson.

O colecionador era Richard Kossow e lhe disse que em 2001 havia adquirido um portfólio de fotografias da Antártica do início do século 20. Contudo, não eram fotos comuns da Antártida: as fotos eram da expedição de Robert Falcon Scott que durou de 1910 a 1913 e na qual ele vários homens – incluindo o tio-avô de Wilson, Edward Wilson – morreram ao regressar.

Além disso, não eram fotos de expedição quaisquer, contou Kossow: eram fotos tiradas pelo próprio Scott. ''Eu quase engasguei com o gim-tônica’', afirma Wilson.

Durante muito tempo, o paradeiro da maioria das fotos de Scott – tiradas nas proximidades do local de invernagem na ilha Ross e no caminho em direção ao polo – fora um mistério. Apenas uma ou duas dezenas haviam sido publicadas, sendo que muitas delas foram atribuídas a outras pessoas de forma indevida. As fotos não publicadas aparentemente permaneceram por décadas em um arquivo comercial.

Agora, à medida que se aproxima o centenário da morte de Scott, que faleceu em março de 1912, Wilson publicou todas as imagens em seu livro 'The Lost Photographs of Captain Scott’ ('As fotografias perdidas do capitão Scott’, em tradução livre) juntamente com descrições detalhadas do local e do momento em que foram tiradas, da melhor maneira que foi possível ao autor determinar.




Scott contratou Herbert Ponting, conhecido fotógrafo profissional de viagens. Nunca se esperou que Ponting realizasse a árdua viagem da ilha Ross ao polo com trenós, pôneis e cachorros. Em vez disso, ele ministrou um curso intensivo de fotografia a Scott e outras pessoas, ensinando-os a usar câmeras volumosas, lentes e filtros, e tirar a fotos com adequada exposição à luz em condições extremas.

A curva de aprendizagem foi bastante acentuada, mas Scott tornou-se um dos melhores alunos de Ponting. Muitos de seus fotógrafos provêm dessas sessões de treinamento.

Sophie Gordon está montando uma exposição de trabalhos de Ponting como curadora sênior da coleção real do Castelo Windsor e Frank Hurley, fotógrafo mais de uma época mais recente da Artártida, afirmou que Scott aprendeu bem com o professor.

''Ele realmente usou de sensibilidade artística’', afirma Gordon. ''As suas melhores fotos parecem com as de Ponting’', afirma.


Acampamento nas Montanhas Wild - 20 de dezembro de 1911

Pôneis em marcha - 02 de dezembro de 1911

Acampamento de inverno - outubro de 1911


Fonte: http://www.extremos.com.br/

17 de outubro de 2011

Destino de expedição do século XIX ao Ártico continua envolto em mistério

Tem sido descrito como uma das maiores histórias de horror da era vitoriana. Dois navios com 129 homens a bordo e equipados com a tecnologia mais avançada, desaparecem quase sem deixar vestígios. Cento e sessenta anos de pesquisa não encontraram o HMS Erebus e seu navio-irmão, o (um tanto apropriadamente chamado) HMS Terror - as duas embarcações perdidas no ártico.

O Erebus e o Terror

Em 1845, o capitão da Marinha Real Britânica, Sir John Franklin, partiu com alguns dos melhores marinheiros da época com a missão de mapear a Passagem Noroeste.  A expedição de Franklin não foi a primeira na região, mas foi a mais infame.

 “Porque esta [expedição] fracassou, ao contrário de todas as outras,” questiona o escritor William Battersby. “Houve algum evento terrível com a expedição.” Battersby é um dos muitos fascinados pelo mistério da última viagem de Franklin. “Nós amamos histórias de aventura, de arrojo, de luta contra todas as probabilidades, mas nessa história eles não o fizeram e continuamos sem saber por que.”

O ambiente da Passagem Noroeste é implacável. A paisagem é vasta e deserta, comparável apenas com as luas de Jupiter. Os invernos são implacáveis e sombrios. Os homens de Franklin foram confrontados com temperaturas e nevascas particularmente brutais quando alcançaram a região.

Apesar dos navios terem sido reforçados com aço e carregarem 3 anos de provisões, parece que o ambiente sobrepujou as tripulações. “O homem põe, Deus dispõe,” diz Bob Headland do Scott Polar Research Institute, que regularmente visita a região. “E os deuses do gelo são imprevisíveis.”

Sir John Franklin

O desaparecimento do Erebus e do Terror desencadeou a mais longa missão de busca da história: Apesar de haverem numerosas tentativas de encontrar os navios, não se descobriu nem sinal deles.

Ryan Harris da Parks Canada conduziu a mais recente missão a tentar localizar os naufrágios. Dois meses atrás, sua equipe passou horas varrendo o fundo do oceano, procurando em águas com até 50 metros de profundidade. “É uma história incrível. Um naufrágio no mais remoto Ártico, colocando o poderio industrial inglês contra a Mãe Natureza,” diz Harris.

Desde 1997 a Parks Canada tem gasto centenas de milhares de dólares na tentativa de localizar o Erebus e o Terror. A lenda da Expedição de Franklin enfeitiçou os canadenses – os naufrágios têm a “honra” de serem os únicos sítios históricos do Canadá que ainda não foram localizados.

“Franklin havia recebido ordens que selaram o seu destino,” explica Harris. “Dirigindo-se para sudoeste através do Estreito de Victoria eles atingiram o ponto de estrangulamento do gelo. Uma vez dentro da armadilha dessa área, estavam condenados. Não há muita vida selvagem e a região é totalmente isolada.”

O último relato conhecido do Erebus e do Terror veio em 1848. Um amontoado de pedras com uma mensagem informando que as condições precárias já haviam reivindicado as primeiras vítimas, restando apenas 105 homens vivos.

Franklin foi uma das primeiras vítimas de sua própria expedição. No mesmo ano os homens abandonaram seus navios, e arqueólogos acreditam que eles começaram a percorrer uma rota para o sul em uma tentativa desesperada de encontrar alimento.

Entretanto o ambiente hostil pouco colaborou, e com poucos animais para caçar e mais de 100 homens para alimentar, a possibilidade de sobrevivência era baixa. Acredita-se que os homens tenham recorrido ao canibalismo em seus últimos esforços para sobreviver.

Os arqueólogos confiam em histórias orais dos esquimós para tentar unir as partes do enigma. Baseado em seus relatos pensa-se que alguns dos homens viveram por outros três ou quatro anos após terem abandonado os navios.

Mas as perguntas permanecem sobre exatamente o que lhes aconteceu. Em 160 anos somente dois esqueletos e três corpos perfeitamente preservados foram descobertos. É provável que doenças como o escorbuto tenham reivindicado muitas vidas, mas Battersby acredita que podem ter sido os próprios navios que mataram os marinheiros.

Sua teoria é que os homens tenham sucumbido ao envenenamento por chumbo proveniente do sistema de tubulações internas utilizadas para derreter o gelo e produzir água para beber. Ele espera que a descoberta dos navios traga as respostas.


"Existe um encanto na história," reconhece Harris. "Resolver o mistério acabaria com o fascínio." Mas mesmo dizendo isso, Harris está determinado a continuar procurando até que o Erebus e o Terror sejam encontrados. A Parks Canada insiste que suas buscas não foram inúteis e que continuarão a recolher informações que possam ajudar com esforços futuros.

Mas após 160 anos é possível que essa lenda fique congelada no tempo para sempre. "Estes são os últimos navios-fantasma," diz Battersby. "É a maior história de fantasmas do mundo."


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