28 de julho de 2011

Nepal lança o trekking mais difícil do mundo

Tour de trekking atravessa os Himalaias e colinas acima de seis mil metros. 
Os promotores foram inspirados pela Trilha Inca no Peru e na Trilha dos Apalaches na América do Norte.



O "A Grande Trilha do Himalaia" (GHT) é executado com mais de 1.700 quilômetros e em alguns lugares chega a altitudes acima de 6.000 metros, de acordo com os agentes Trekking da Associação do Nepal, que reconhece que poucos ousaram no novo caminho criado.

Será necessário pelo menos 157 dias para viajar todo o percurso que foi dividido em dez seções. Ao contrário de outras trilhas, uma parte muito importante da Grande Trilha do Himalaya não tem lodges (abrigos) para pernoite, os caminhantes devem levar todo o equipamento.

Apesar da falta de infra-estrutura, uma meia dúzia de empresas começaram a caminhada para promover e proporcionar as viagens, disse Bachchu Shrestha, vice-presidente da Associação dos Agentes de Trekking Nepal.

O Nepal recebe cada ano cerca de 124 mil pessoas que entram no país para fazer alguns dos seus circuitos de trekking. Quase todos estão concentrados em três áreas, de acordo com dados oficiais, a via de Annapurna, Langtang no centro do Nepal e o Trekking ao Everest.

Para fazer este longo trekking, tempo só não basta, mas também um bom prepraro físico. Também é necessário manter uma conta corrente muito saudável porque que a viagem custa cerca de R$ 54.000.

Para mais informações visite o site www.thegreathimalayatrail.org/
ou mais detalhe da trilha no mapa www.thegreathimalayatrail.org/ght-map/

27 de julho de 2011

Escalada em gelo no Brasil?

Os montanhistas Ricardo Baltazar, Fábio Lopes e o cinegrafista Vorlei Silveira (Luca) subiram a Serra do Rio do Rastro, divisa entre os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina para escalar os 30 metros da Cachoeira da Poeira.

Cascata congelada de 30 metros, segurança de cima (top rope), escalada mista (drytooling).


Fonte:
http://www.extremos.com.br/
Ana Karina Belegantt

26 de julho de 2011

Humboldt e o montanhismo

O alemão Alexander Von Humboldt é conhecido mundialmente por suas contribuições para a ciência ao ponto de seu nome circular como o mais célebre pesquisador da época dos naturalistas. Humboldt foi além de cientista, um explorador e aventureiro e em sua viagem à América do Sul entre 1799 e 1804 realizou a primeira ascensão européia à uma montanha andina de grande porte.



Humboldt nasceu em Berlin, em 1769, filho de uma família nobre que lhe deu totais condições de educação. Humboldt estudou História, Línguas, Matemática, Economia, Física, Química, Comércio, Anatomia, Astronomia, História Natural, Geologia e finalmente Geografia, ciência que o considera patrono, pois Humboldt é chamado de o “pai” da Geografia Moderna.

Ainda na Europa, Humboldt desempenhou importantes cargos públicos em instituições mineiras e universidades na Alemanha. O conhecimento gerado por Humboldt, no entanto, advém de sua experiência como viajante naturalista e neste aspecto, as inúmeras ascensões e vivências nas montanhas andinas o levou a formular importantes hipóteses e teorias e mais tarde o influenciou a redigir, no final de sua vida, sua grande obra prima: O Cosmos.

Humboldt foi um grande precursor do montanhismo em uma época em que subir montanha era coisa para poucas pessoas. Não havia o montanhismo esportivo como existe hoje. A influência do montanhismo de Humboldt advém das primeiras ascensões ao Mont Blanc, na França, que marca inclusive o surgimento do montanhismo moderno, em uma época de grande ebulição cultural e intelectual da humanidade.

O século XVIII foi marcado pelos ideais iluministas, a ascensão da burguesia ao poder e uma retração dos ideais religiosos que perduraram durante a idade média. Ideais estes que persistiram nos rincões mais distantes da Europa e que muitas vezes entravam em conflito com as novas idéias. Era a ciência e os velhos costumes.


Humboldt e as primeiras ascensões à montanhas

Em 1760, o geólogo Horace Benedict Saussure chegou à Chamonix, pequena vila aos pés dos Alpes franceses para assentar sua base para pesquisar as geleiras e as montanhas. Nesta época a Geologia era uma novidade no mundo e este Geólogo suiço provocou estranheza ao povo local. Nem mesmo uma recompensa em dinheiro que seria dada à quem se atrevesse escalar a montanha mais alta dos Alpes, o Mont Blanc, para fazer seus experimentos, foi o suficiente para um corajoso se meter em subir a montanha.

Foi preciso 25 anos até que um criador de cabras, Jacque Balmat, se perdesse nas encostas do Mont Blanc e passasse uma noite por lá. Ficou à espera de demônios e dragões, mas eles não vieram. Balmat desceu a montanha e acompanhado do médico Gabriel Paccard escalaram o Mont Blanc em 1785, levando um ano mais tarde o famoso geólogo até o cume, que não somente pagou a recompensa, como fez medições e pesquisas lá em cima.
Saussure registrou dados sobre os fatos biológicos no cume, verificou a altitude do Mont Blanc, mediu a umidade atmosférica, velocidade do vento, observou a formação de nuvens e compreendeu o processo de geração de geleiras e sua dinâmica.

Escalada do Mont Blanc no século XVIII


A viagem de Humboldt à América do Sul, anos depois da aventura científica de Saussure, foi planejada por anos e inclusive influenciada por ela. Neste processo, Príncipe alemão fez amizade com o geólogo e se encarregou de estudar e melhorar diversos instrumentos de medição e pesquisa utilizados por ele, que ultrapassam mais de 40 tipos, entre bússolas, altímetros, barômetros entre outros.

A pesquisa deste ilustre príncipe sempre esteve relacionada, por um lado, com a quantificação de fenômenos naturais e por outro por uma visão romântica da natureza. Foram estes valores os que permearam os primeiros montanhistas modernos. Todos eles ilustres homens da ciência e muitos de ascendência nobre, que davam condições à eles a fazer longas viagens e não precisar trabalhar, já que nesta época quase não existia a classe média e só pessoas assim podiam praticar montanhismo.

O currículo de montanha de Humboldt foi extenso e conquistado ao longo de sua expedição ao novo mundo: O Pico do Teide em Tenerife (Ilhas Canárias), La Silla de Caracas, na Venezuela,  Volcão de Puracé e de Pasto, na Colômbia; os vulcões de Antisana, Guagua e Rucu Pichincha, Cotopaxi, Tungurahua, Chimborazo e Cerro del Chicle no Equador; o Nevado de Toluca e o Cofre de Perote, no  México. Muitas delas montanhas que ultrapassam os 5 mil metros, o que superou em muito a maior ascensão à uma montanha conhecida na época, a do Mont Blanc.

Como adicional às façanhas montanhísticas de Humboldt há que se adicionar o total desconhecimento dos efeitos de altitude no organismo humano, o desconhecimento do ambiente de montanha em si e ainda mais o efeito de ter sido o pioneiro em diversas destas ascensões. Além disso, vem o fato notável de uma de suas ascensões, pois na época acreditar-se que o Chimborazo era a montanha mais alta do mundo.

Apesar destes feitos extraordinários, motivação maior de Humboldt em subir montanhas não era montanhística, mas sim científica, pois sempre tinha o intuito de fazer suas medições, coletar rochas, minerais e plantas. No entanto, Humboldt sinalizou em muitos de seus relatos uma relação que ultrapassa a formalidade da ciência dele e as montanhas, em retratos românticos da vida selvagem.

Apesar de Humboldt receber o reconhecimento de ser o maior dos naturalistas, todos os valores herdados em Humboldt foi diretamente influenciado por Saussure, que esteve diretamente ligado com a conquista do Mont Blanc e o surgimento do montanhismo moderno, um montanhismo que neste momento inicial se fazia indissociável à ciência. No relato da ascensão do Chimborazo, maior conquista de Humboldt, o cientista alemão faz uma homenagem ao amigo:

'O ponto onde paramos para observar a indicação da agulha magnética, parecia maior do que qualquer outro homem havia chegado nos topos das montanhas excedido em 1.100 metros, o cume do Mont Blanc, onde o mais sábio e corajoso viajantes, De Saussure, teve a audácia de vir, a luta contra grandes dificuldades para aqueles que tivemos de superar, perto do cume do Chimborazo '


Humboldt e os vulcões do Equador


Humboldt e o Chimborazo


A maioria das montanhas ascendidas por Humboldt foram no Equador. Esta tarefa se deu pelo fascínio de Humboldt por vulcões, uma vez que ele via em sua energia as forças que criaram o universo, e também pelo fato de Humboldt achar que ali ficavam as maiores montanhas do mundo.

Para cumprir com este objetivo, o cientista alemão enfrentou um grande desafio, pois não ali o local de melhor acesso à uma montanha de altitude e nem mesmo o local de melhor clima para isso. Fez falta nas ascensões de Humboldt roupas, óculos, barracas e outros equipamentos, além de bons guias que conhecessem as montanhas e também tivesse comprometimento com as expedições.

Humboldt fixou residência em Quito, onde viveu por três meses a fim de fazer da cidade uma base para escalar o Antisana, Rucu e Guagua Pichincha e o Cotopaxi. Depois fez o mesmo em Riobamba, onde lançou investidas ao Sangay, Tungurahua, Carihuayrazo, Yana  Urcu e Chimborazo.

Em cada excursão Humboldt carregava as ferramentas para fazer as medições relevantes, o que é feito sob tropas de mulas. Somente nos metros finais das montanhas ou quando se depararam com a neve nas geleiras, ele desce dos animais e caminha, o que muitas vezes lhe rendeu problemas com a aclimatação, já que com animais, chegava rápido em altitudes elevadas.

Em geral, o cientista realizava uma investida à campo, para ter uma noção geral do território, calcular as posições geográficas das populações e destacar elementos importantes e fazer um mapa.Em seguida, estabelecia uma base num local estratégico para realizar medições precisas da altitude das montanhas e melhorar a cartografia e depois partia rumo ao cume.

Não havia uma seqüência lógica em suas subidas, que eram realizadas segundo critérios de proximidade e oportunidade. Para o Antisana, por exemplo, o primeiro da série e no centro de uma grande propriedade, se aproveitou da amizade com o proprietário para usar uma construção que servia como abrigo por alguns dias, localizado há 4.000 metros, 'lugar habitado mais alto do mundo', de acordo com seus registros.


Montanhismo e romantismo


A montanha é um elemento típico das paisagens românticas, assim como o mar e extensas planícies. São espaços alheios à intervenção humana e também, conseqüentemente desabitados. Paisagens como estas são muito associadas à sensação de liberdade e de certa forma, pessoas que acessam estes locais, seja aventura, conhecimento ou loucura acabam por transmitir esta sensação. Foi o que ocorreu com Humboldt, Saussure, Bonpland (parceiro de príncipe alemão na América) e até mesmo o famoso poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe.

Nas montanhas está a liberdade. As fontes de degradação  não chegam a regiões com ar puro. O mundo está bem nos lugares onde o ser humano não o polui com suas misérias”. Disse Humboldt certa vez.

Como não podia deixar de ser, Humboldt freqüentou as mesmas rodas sociais e intelectuais que Goethe, que também tinha grande vocação naturalista. Ambos tinham muitas coisas em comum, como destacar a natureza acima dos homens, a valorização da paisagem inacessível e trágica, a constante referencia à história natural e humana. Para eles, a natureza era o centro da atenção e o ser humano, dentre os quais incluíam eles mesmos, adquirem uma dimensão de meros expectadores. No paisagismo romântico, há uma obsessão por espaços nada ou pouco humanizados e frente a eles os seres humanos desaparecem e frente à isso, Humboldt atua como um “louco”, um “aventureiro” que reporta aos europeus não somente as riquezas naturais do ultramar, como também sua magnificência.  Valorizando a estética, o lúdico e o subjetivo. Valores até hoje embutidos na visão de natureza da sociedade ocidental.


Humboldt com o Chimborazo ao fundo


Humboldt eterno

Como resultado de suas explorações, Von Humboldt descreveu diversos aspectos geográficos e espécies que eram até então desconhecidos dos europeus. Espécies denominadas em sua homenagem incluem:

    Spheniscus humboldti - Pinguim Humboldt
    Lilium humboldtii - Lírio de Humboldt
    Phragmipedium humboldtii - uma orquídea
    Quercus humboldtii - Carvalho sul-americano
    Conepatus humboldtii - Espécie de cangambá (inglês:Hog-nosed Skunk)
    Annona humboldtii - Espécie de arbusto
    Annona humboldtiana - Espécie de arbusto
    Utricularia humboldtii - Planta carnívora (inglês: bladderwort)
    Geranium humboldtii- um gerânio
    Salix humboldtiana - salgueiro (árvore)

Aspectos e acidentes geográficos denominados em sua homenagem incluem a corrente de Humboldt, o rio Humboldt, a cadeia de montanhas East and West Humboldt Range, os condados estado-unidenses de Humboldt County, na Califórnia, e Humboldt County, no Iowa e o parque Humboldt no lado oeste de Chicago, a segunda maior montanha da Venezuela (Pico Humboldt) e uma corrente Marítima. Além disso, o mar lunar Mare Humboldtianum foi assim denominado em sua homenagem, bem como o asteroide 54 Alexandra.

Após sua morte, seus amigos e colegas criaram a Fundação Alexander von Humboldt (Stiftung em alemão) para manter o generoso apoio de Humboldt a jovens cientistas. Apesar de a dotação inicial ter se perdido durante a hiperinflação alemã dos anos vinte, e novamente após a Segunda Guerra Mundial, a fundação tem recebido apoio do governo alemão e tem um papel importante na atração de pesquisadores estrangeiros à Alemanha, possibilitando também a pesquisadores alemães trabalharem no estrangeiro por um determinado período.

Muitas vezes, a experiência de Humboldt é lembrada como sendo parte do campo das ciências. Porém é preciso lembrar que o montanhismo como conhecemos hoje não existia naquela época. O montanhismo como esporte surgiu décadas mais tarde, principalmente a partir de 1850 com os britânicos.

O montanhismo por motivações naturalistas e científicas de Humboldt fez dele uma das personagens mais famosas e reconhecidas da Europa, ficando atrás somente de Napoleão Bonaparte.

Em Humboldt temos um interessante capítulo em comum tanto na história da ciência, quanto na história do montanhismo.

Alexander Von Humboldt faleceu no dia 6 de maio de 1857, aos 89 anos. Seus restos mortais, antes de serem enterrados no mausoléu de seu castelo familiar em Tegel, foram transportados em funerais nacionais pelas ruas de Berlim, e recebidos pelo príncipe regente, a cabeça descoberta, na porta da catedral. O primeiro centenário de seu nascimento foi celebrado em 14 de setembro de 1869, com igual entusiasmo no Novo e Velho Mundo, e os numerosos monumentos erigidos e as novas regiões descobertas denominadas em sua honra testemunham a difusão universal de sua fama e popularidade.



Texto: Pedro Hauck

25 de julho de 2011

Os Vagabundos Iluminados



“Mas eu tinha minhas próprias idéias e elas não tinham nada a ver com a parte “lunática” de tudo aquilo. Eu queria comprar um equipamento completo com tudo que é preciso para dormir, abrigar-se, comer, cozinhar, na verdade uma cozinha e um quarto completos bem nas minhas costas, e partir para algum lugar e encontrar a solidão perfeita e olhar para o perfeito vazio da minha mente e ser completamente neutro em relação a toda e qualquer idéia.”


Jack Kerouac em “Os Vagabundos Iluminados”

Slow Travel




Escravo do lazer. Mesmo sem nunca ter ouvido essa expressão, você provavelmente já foi, sem perceber, refém dessa realidade. Basta se perguntar: você já planejou suas férias tentando preencher todas as brechas de tempo? Já se sentiu na obrigação de aproveitar cada segundo quando chegou ao destino? E a pergunta crucial: em algum momento parou para se perguntar o porquê de tantos compromissos em plenas férias?

Quando se chega a um local novo, é tanta descoberta que acaba sendo quase impossível não se deixar levar pelo ritmo de “tenho-que-aproveitar-as-24-horas-do-dia”, desabando numa correria desenfreada para visitar todos os museus e atrações famosas da cidade, explorar as liquidações e experimentar os pratos dos restaurantes famosos indicados nos guias de viagem.

Se você cismar mesmo de fazer tudo e de ir aonde a massa dos turistas vai, pode acabar passando mais tempo em filas do que curtindo. E, se tentar espremer várias cidades numa só viagem (outro desejo comum dos turistas), arrisca-se a passar boa parte das férias em trânsito, sem conhecer nenhum lugar direito (é o famoso “já que” estou na Itália, por que não aproveitar e dar uma esticadinha até a Croácia, por um ou dois dias?).

É fato que a chegada do século 21 fez com que velocidade e produtividade fossem sinônimos de sucesso. Notícias instantâneas, carros rápidos, aviões supersônicos e trens ultrarrápidos hoje em dia estão ao alcance de todos. Mas em tempos de um quase colapso planetário, novas prioridades vem sendo levadas em consideração: turismo de baixo impacto, redução das emissões de carbono, engajamento com comunidades locais e trabalho voluntário. Todos esses conceitos fazem parte de um movimento chamado Slow Travel, que se opõe a necessidade de usufruir ao máximo o tempo disponível, muitas vezes de maneira superficial, e propõe que os viajantes interajam profundamente com o local e a comunidade visitada, privilegiando a economia da região.

O nome Slow Travel vem de Slow Food, movimento criado na Itália no final da década de 1980 para contestar a padronização dos hábitos alimentares decorrentes da globalização e do aumento das redes de fast-food em todo mundo, e apoiar e divulgar a boa comida e um ritmo de vida mais lento.

Para os adeptos da Viagem Lenta, a pressa é a maior inimiga de uma trip perfeita e não seguir o fluxo do turismo normal é a melhor decisão que se pode tomar. Alguns adeptos mais radicais do movimento são contra, inclusive, o uso de aviões ou trens e indicam que se consuma apenas produtos orgânicos produzidos localmente (um pouco xiita demais, é verdade). Para os menos radicais, basta optar por desacelerar em vez de correr e , principalmente, buscar fazer escolhas conscientes.

O Slow Travel propõe um novo modelo de relação do turista com o lugar, para que ele se envolva com mais intimidade não só com o que se vê, mas também com a comunidade por onde passa. Afinal, só estando em contato com os locais é possível perceber e viver as diferenças em relação ao lugar em que você vive. E não é para isso que viajamos?


Seja lento – Confira algumas dicas para sua próxima viagem

  • Comece em casa. A chave para não se deixar levar pela pressa é seu estado de espírito. E isso começa antes mesmo de partir.
  • Já no destino, use o transporte público, alugue uma bicicleta ou ande a pé.
  • Reserve tempo e espaço para conviver com o povo local e, principalmente, com você mesmo.
  • Em vez de hotéis, tente alugar um apartamento ou uma casa, ou então fique numa guest house (casas em que a família aluga os quartos para viajantes). A internet facilitou bastante esse processo.
  • De preferência às lojas e mercados locais em vez das redes de fast-food mundiais.
  • Deixe o acaso agir de vez em quando. Perder uma conexão de ônibus pode criar novas oportunidades.
  • Faça o que os locais fazem e não o que os guias de viagem indicam.
  • Aprenda um pouco (ou muito) do idioma local e tente se virar com ele. Se precisar, use um dicionário. Com isso, você vai conseguir ler o jornal local e saber o que acontece na comunidade por onde está passando.

Acesse http://www.slowtrav.com/ e conheça mais sobre o movimento.



Fonte: Revista Go Outside - Edição 56 - Janeiro 2010
Texto: 
Fernanda Franco

Um século depois, cabana usada pela expedição de Scott ao Pólo Sul permanece intacta



Em 2010, a Revista National Geographic publicou uma série de fotos incríveis do abrigo antártico utilizado pela expedição do inglês Robert Falcon Scott, batizada de "Terra Nova", realizada entre 1910 e 1912. A cabana, erguida no cabo Evans, porção neozelandesa da Antártida, serviu de apoio para a expedição, que tentava chegar primeiro ao Pólo Sul.



 Foto de Scott no abrigo da Ilha de Ross em 1911, antes do "ataque ao Pólo"

Foto recente do mesmo aposento


O casebre conserva, dentro dele, quase tudo o que tinha, praticamente intacto. Mas, na época, a empreitada não deu certo: quando Scott e seus amigos chegaram ao extremo sul do planeta em 17 de janeiro de 1912, deram de cara com uma bandeira norueguesa. Seu rival norueguês Roald Amundsen, que tinha mais conhecimentos sobre as latitudes polares e como sobreviver a elas, já tinha alcançado o Pólo em 14 de Dezembro de 1911, um mês antes, frustrando as expectativas inglesas.


Foto da equipe saindo do abrigo em 15 de Setembro de 1911



Durante o retorno, tempestades terríveis e temperaturas que só seriam registradas novamente 50 anos mais tarde fizeram com que todos os membros da expedição de Scott morressem de fome e frio, sendo que os últimos foram encontrados a poucos kilômetros de um depósito de suprimentos, selando a sorte da expedição inglesa. 

A cabana ficou do jeito que eles a deixaram, com as ferramentas e instrumentos de laboratório utilizados pelos exploradores, além de seus mantimentos enlatados, engarrafados e carnes congeladas penduradas para comer mais tarde.

Mesa de refeições: Talheres e utensílios permanecem intactos 100 anos depois



Apesar de outras equipes terem usado o abrigo até cerca de 50 anos atrás, ele permanece quase exatamente como foi deixado por eles a 100 anos atrás. O clima frio e seco da região manteve até os mantimentos deixados pela expedição em inacreditável estado de conservação. A casinha de Scott fica no meio do nada, trazendo ao visitante a verdadeira atmosfera inóspita encontrada pelo explorador no começo do século passado, e assim tornou-se o principal ambiente representativo dos momentos de concentração dos primeiros exploradores antárticos.






Não há dúvida de que a cabana de Scott completará seu 100º aniversário este ano, mas certamente não estará tão conservada. O processo de deterioração da cabana é lento, mas efetivo. Os fortes ventos da região cobrem a cabana com neve durante os invernos. A chegada dos verões causa o derretimento gradativo dessas toneladas de neve, transformando-as em água que escorre por dentro da cabana e se infiltra em seus materiais.

Além do abalo das estruturas da casa pela intensa pressão da neve acumulada, as paredes, assoalho e artefatos se deterioram química e biologicamente (fungos) num ritmo moroso, desde o abandono da cabana pelos exploradores. Numa tentativa de resolver o problema da deterioração, a autoridade que cuida dos patrimônios históricos na parte neo- zelandesa da Antártida (New Zeland Antarctic Heritage Trust) implementou, em outubro de 2006, um plano de conservação da cabana que inclui reconstrução da estrutura física e substituição de artefatos deteriorados por réplicas fabricadas em laboratórios.

Ongs defensoras da originalidade da cabana de Scott, obviamente, nem de longe gostaram da idéia. Parece ironia, mas justamente o plano de conservação para a cabana é o que pode destruí-la de vez.



Fontes:


21 de julho de 2011

O Silêncio Branco



“A tarde descambou, e com o temor gerado pelo Silêncio Branco, os mudos viajantes se curvaram em sua faina. A natureza possui muitos ardis para convencer o homem da sua qualidade finita: o fluxo incessante das marés, a fúria da tormenta, o abalo do terremoto, o mais assombroso de todos, é a fase passiva do Silêncio Branco. Todo movimento cessa, o firmamento clareia, os céus são de cobre; o menor sussurro se diria um sacrilégio e o homem se intimida, apavorado ao som da própria voz. Única mancha de vida jornadeando pelos desertos fantasmais de um mundo morto, ele treme em face da própria audácia, percebe que a sua vida é a de um verme, nada mais. Estranhas idéias não evocadas lhe afloram à mente, e o mistério das coisas luta por expressão. E o medo da morte, do universo, subjuga-o – a esperança na Ressurreição e a Vida, o anseio da Imortalidade, o vão esforço da essência prisioneira – e é então, ou nunca, que o homem caminha solitário com Deus.”

Traduzido do conto “The White Silence” de Jack London