16 de setembro de 2011

Alex Honnold



No universo do Free Solo Climbing (escalada sozinho sem equipamentos de segurança) Alex Honnold é o melhor do mundo. Honnold, um garoto desajeitado e ligeiramente retraído se tornou um alpinista focado, gracioso e seguro de si, capaz de realizar as mais difíceis escaladas na modalidade free solo.

Aos 23 anos, escalou a via normal do Half Dome em solo, levando apenas 2 horas e 50 minutos. Apesar dele mesmo confessar que não foi a escalada solitária mais difícil que já tenha feito, foi sem dúvida a mais tensa psicologicamente.


O Half Dome

Para conseguir realizar o feito em solo, o americano havia escalado a mesma via em outras 3 oportunidades: primeiramente utilizando equipamentos para ascensão em artificial, depois ele a escalou em livre e, dois dias antes de entrar em solo, havia escalado em livre, com Brad Barlage, para ganhar segurança.

O único equipamento (além da sapatilha e do magnésio) que Alex levou, foram 400 ml de água.




Fontes:

15 de setembro de 2011

Jack Kerouac


"Kerouac foi um sopro de ar fresco... uma força, uma tragédia, um triunfo e uma influência duradoura, e essa influência ainda está entre nós." - Norman Mailer



Em 1957, Jack Kerouac publicava On the road e iniciava uma revolução cultural nos Estados Unidos. O livro tornou-se o manifesto da geração beat, que rompia com o conformismo do american way of life e pregava a busca de experiências autênticas, um compromisso selvagem e espontâneo com a vida até seus mais perigosos limites. Diante de uma sociedade que aniquilava o indivíduo, os beatniks queriam uma consciência nova, libertada de padrões, escolhiam a marginalidade, o encontro do êxtase através das drogas, a liberdade sexual, a manifestação das angústias, a procura da aventura no contato com o outro lado da América: os vagabundos, os desesperados, a estrada que não leva a lugar nenhum.

Jean Louis Lébris de Kerouac, um dos profetas dessa rebelião, nasceu em Lowell, Massachusetts, no dia 12 de março de 1922. Descendente de uma família de franco-canadenses, Jack Kerouac recebeu uma educação católica e, graças a suas virtudes como atleta, ganhou uma bolsa para estudar na Universidade de Colúmbia. Para Kerouac, um rapaz do interior, Nova York representou um choque pela sua sofisticação e enorme energia. No campus, conheceu o poeta Allen Ginsberg, também estudante, e William Burroughs, formado em Harvard. Os três iriam se tornar os principais representantes da geração beat.

Por intermédio de Burroughs, Kerouac tomou contato com escritores como Kafka, Céline, Spengler e Wilhelm Reich. Os três amigos passaram a conviver com a barra-pesada da Times Square, e Kerouac começou a experimentar maconha e benzedrina, vivendo parte do tempo num apartamento perto da universidade e outra parte com a família no bairro de Queens. Mas a grande influência de sua vida foi o encontro com Neal Cassady, um jovem que vivia perambulando pelos Estados Unidos, uma espécie de libertário apocalíptico. Em 1947, Kerouac resolveu sair pelo mundo e pegou a estrada. Sobrevivia com pequenos bicos aqui e ali, buscando a companhia fraternal dos vagabundos, dos trabalhadores itinerantes, dos caroneiros e da bebida. Em 1951, concluía On the Road
, com suas longas frases em que descartava o uso da pontuação. E Neal Cassady aparecia no livro transformado no personagem Dean Moriarty.

No ano anterior, Kerouac havia publicado seu primeiro romance, The Town and the City. Em seguida, vieram The Dharma Bums (1958), The Subterraneans (1958), Lonesome Traveller (1960), Big Sur (1962) Desolation angels (1965). Mas nenhum desses livros atingiu a repercussão e o vigor de On the Road. Para muitos críticos, Kerouac repetia-se com pequenas variações biográficas, e a sua busca de uma prosa espontânea tornara-se uma fórmula.

Esse grande rebelde existencial possuía idéias políticas conservadoras. Num de seus últimos textos, indagava-se como podia ter despertado contestadores ferozes como Allen Ginsberg, Timothy Leary e Abbie Hoffman. Kerouac foi sempre um individualista, e suas inquietações voltavam-se para a descoberta de um "eu" mais autêntico. Essa busca parece tê-lo encaminhado em direção ao budismo. Inadaptado até o fim, Kerouac isolou-se completamente nos últimos anos de sua vida. Recluso, dividia uma casa com sua mãe em St. Petersburg, na Flórida. Bebia compulsivamente, via televisão horas a fio, pintava quadros repletos de Cristos tristes e usava uma grande cruz no peito: tinha retornado à religião de sua infância, o catolicismo. A 12 de outubro de 1969, com quarenta e sete anos, Jack Kerouac morria de uma hemorragia estomacal provocada pelo excesso de bebida. 

No vigésimo quinto aniversário da publicação de On the Road, os grandes nomes da beat generation como Ginsberg, Lawrence Ferlinghetti, Gregory Corso, Carl Solomon, William Burroughs e Michael McClure reuniram-se na Universidade do Colorado para homenagear Kerouac, o grande companheiro de viagem. William Burroughs declarou: "Tudo é permitido, nada é real. O legado de Kerouac é o da ternura". Em 1972, foi publicado seu último livro, Visions of Cody.


Trechos e Citações:

"A morte irá nos surpreender antes do paraíso."

"Para mim da tudo na mesma, contanto que seja excitante e de a volta ao mundo."

"E percebo que não importa onde eu esteja, seja em um quartinho repleto de idéias ou nesse universo infinito de estrelas e montanhas, tudo está na minha mente. Não há necessidade de solidão. Por isso, ame a vida como ela é e não forme idéias preconcebidas de espécie alguma em sua mente."

"O anonimato no mundo dos homens é bem melhor do que a fama no céu."

"Porque o silêncio em si é como o som dos diamantes que podem cortar tudo."

"Há sempre uma estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em qualquer circunstância."

"Se a moderação é um defeito, a indiferença é um crime ."

"Que sensação é essa de estar se afastando das pessoas, até que delas, ao longe, na planície, você só consegue distinguir minipartículas, dissolvendo-se na vastidão do infinito? - é o mundo que nos engole, é a despedida. Mas nos inclinamos à frente, rumo à próxima aventura louca sob o céu."

"Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam."

"Minha vida que não me ama, minha amada que não me quer. Seduzo as duas."

“Mas eu tinha minhas próprias idéias e elas não tinham nada a ver com a parte "lunática" de tudo aquilo. Eu queria comprar um equipamento completo com tudo que é preciso para dormir, abrigar-se, comer, cozinhar, na verdade uma cozinha e um quarto completos bem nas minhas costas, e partir para algum lugar e encontrar a solidão perfeita e olhar para o perfeito vazio da minha mente e ser completamente neutro em relação a toda e qualquer idéia.”

"Oh, esses caipiras burros, estúpidos, tapados, jamais mudarão, são completa e absolutamente estúpidos. Chega o momento de agir e eles ficam paralizados, histéricos, assustados - nada os amedronta mais do que aquilo que querem."

“A verdade da coisa é, você morre, tudo que você faz é morrer, e contudo você vive, sim você vive, e isso não é uma mentira.”

“A velha noite de verão canta. – É assim que eu vou dormir, sob as estrelas na varanda e ao amanhecer eu me viro com um sorriso alegre no rosto porque as corujas estão chamando e respondendo em dois enormes troncos de arvores mortas um em cada extremo do vale, uh, uh, uh.”

"...não havia lugar algum para ir senão todos os lugares, rodando sempre, sob as estrelas..."

" Quando vejo uma folha cair, sempre digo adeus."

"O viajante possui dois relógios que não se podem comprar na Tiffany's. Em um pulso o sol, no outro a lua. As mãos são feitas de céu."

"Não importa onde eu esteja, minha mochila esta sempre a mão, estou sempre pronto pra partir."